Desafio da Última Linha

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Desafio dos Neologismos - Encerrado
Desafio dos Títulos -Encerrado


sábado, 12 de setembro de 2009

Ignorância

Ultimamente venho flertando com o conceito da inexistência, com o conceito do não-aqui, da inverdade que se faz presente simplesmente em sua consolidação cabal. Flertei com o conceito de consciência, de cotidiano, de tempo, de distância, de pensamento. Cheguei a uma excelente conclusão:

Nada.

Nada sacramenta mais minhas descobertas sobre a inexistência que o vazio de um nada que, por mais que verbal, inexiste, existindo, e se prova e reprova contrário a si próprio na própria criação de uma palavra para designar o que, por natureza, é impassível de designação.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Lamentação

Já faz um tempo que descobri. Foi na pré-adolescência. O tempo que demorei para dominá-lo é inumerável. Creio que até hoje não o controlo muito bem, mas não é exatamente esse o meu lamento.
Muito prazer, tenho um super poder.
Sei voar – levitar, para ser mais exato – mas não me peça para explicar como: eu mesmo não sei e há coisas que talvez seja melhor ignorar.
Não pense, porém, que com isso, grandes responsabilidades aparecem. Para dizer a verdade, o que eu mais gostaria era ter, de fato, uma responsabilidade.
Não sou super herói.
Cresci assistindo a vários clássicos, que me inspiraram a usar meu dom para o bem, mas quanto mais me controlava, mas via que eu não poderia fazer grande coisa.
Eis que tenho um poder maravilhoso, mas que não pode ser usado em prol da humanidade.
Não posso lutar contra bandidos: não tenho uma força invejável e nem sou à prova de balas.
Também não posso salvar pessoas em um trem desgovernado, afinal não tenho grande velocidade.
É como se eu fosse um pássaro. Desnecessário e dispensável.
De que me adianta ter um poder –e ter, com isso, que viver, de certa forma, escondido, de ter locais específicos para usá-lo - e não servir à população com isso?
Onde ficam minha coragem e minha auto-estima, se no meu sonho quero algo para defender as pessoas e, no fim, só tenho algo que me permite fugir do perigo, se ele aparece?
Resta-me, enfim, aproveitá-lo eu mesmo e lamentar, aqui nesse bar, minha inutilidade.