De que me vale todo esse castelo que não construi, se não sou íntegra? Ando cansada, embora mal use minhas pernas para caminhar sozinha: sempre tive uma legião para atender a todas as necessidades que tinha e destinha.
Não estou nua, mas rasguei meu vestido, aquele que não sei quem coseu.
Tampouco estou bêbada. Acho que nunca estive de mais sóbria em todo o sempre, se é que o tempo existiu antes de eu nascer e, agora, nascer.
Agora eu quero o mar inteiro, sem vidro. Quero voar, sem madeira ou metal. Quero sair da linha, eu bonde, conduzida.
Agora eu quero afundar completamente na terra, sentir o gosto do chão, do podre, da carne em putrefação até vomitar - essa minha expressão que, descubro, é a mais sincera e secreta. Quero misturar-me aos porcos, aos pombos, aos ratos, às mais vis bactérias, eu que sempre fui mais rota que o asco por si.
Quero morder a carne, ainda que a minha , sentir o gosto da substância, aquilo que move o mundo e que por tanto tempo me foi negado.
Quero deitar nos campos e me deixar levar pelo cheiro das dardípias, vivas ou mortas, sob a chuva ou não, porque o meu desejo é de ser, é viver o momento, o instante-já, o não importa.
Quero chegar ao mais fundo o possível, para que eu possa enfim entrar em equilíbrio com o universo, o cosmo, o inferno que for. Entrar em equilíbrio comigo mesma, embora não seja a paz garantida.
É a partir de então que eu conseguirei o que quero, embora ainda não saiba o que quero de fato. Acho que quero o fato, a Verdade absoluta: eu. Eu sou ou não sou um fato?
Eu sou, aqui.
Eu sei.
Próxima palavra: Taruela
Desafio da Última Linha
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Desafio dos Títulos -Encerrado
segunda-feira, 21 de dezembro de 2009
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4 comentários:
At fucking last... Cê sabe que eu já tinha desistido disso aqui, né? Mas agora um desafio, iff, me dá uma raison d'écrire.
Vou contar um segredo: o texto não tinha nada a ver com as dardípias no início. Lembrei do desafio e as inseri, ali, perdidas.
Quando é assim, Victor, a gente não conta pros outros! :P
Fico feliz em ver que vocês voltaram a sonhar, sonhar não custa nada!
Enquanto sonham, se expressam, enquanto se expressam, dizem coisas que nós simples mortais não conseguimos dizer,mas sentimos.
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