Desafio da Última Linha

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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

[Desafio] Lama

De que me vale todo esse castelo que não construi, se não sou íntegra? Ando cansada, embora mal use minhas pernas para caminhar sozinha: sempre tive uma legião para atender a todas as necessidades que tinha e destinha.
Não estou nua, mas rasguei meu vestido, aquele que não sei quem coseu.
Tampouco estou bêbada. Acho que nunca estive de mais sóbria em todo o sempre, se é que o tempo existiu antes de eu nascer e, agora, nascer.
Agora eu quero o mar inteiro, sem vidro. Quero voar, sem madeira ou metal. Quero sair da linha, eu bonde, conduzida.
Agora eu quero afundar completamente na terra, sentir o gosto do chão, do podre, da carne em putrefação até vomitar - essa minha expressão que, descubro, é a mais sincera e secreta. Quero misturar-me aos porcos, aos pombos, aos ratos, às mais vis bactérias, eu que sempre fui mais rota que o asco por si.
Quero morder a carne, ainda que a minha , sentir o gosto da substância, aquilo que move o mundo e que por tanto tempo me foi negado.
Quero deitar nos campos e me deixar levar pelo cheiro das dardípias, vivas ou mortas, sob a chuva ou não, porque o meu desejo é de ser, é viver o momento, o instante-já, o não importa.
Quero chegar ao mais fundo o possível, para que eu possa enfim entrar em equilíbrio com o universo, o cosmo, o inferno que for. Entrar em equilíbrio comigo mesma, embora não seja a paz garantida.
É a partir de então que eu conseguirei o que quero, embora ainda não saiba o que quero de fato. Acho que quero o fato, a Verdade absoluta: eu. Eu sou ou não sou um fato?
Eu sou, aqui.
Eu sei.

Próxima palavra: Taruela

4 comentários:

Pedro disse...

At fucking last... Cê sabe que eu já tinha desistido disso aqui, né? Mas agora um desafio, iff, me dá uma raison d'écrire.

Victor disse...

Vou contar um segredo: o texto não tinha nada a ver com as dardípias no início. Lembrei do desafio e as inseri, ali, perdidas.

Pedro disse...

Quando é assim, Victor, a gente não conta pros outros! :P

Unknown disse...

Fico feliz em ver que vocês voltaram a sonhar, sonhar não custa nada!
Enquanto sonham, se expressam, enquanto se expressam, dizem coisas que nós simples mortais não conseguimos dizer,mas sentimos.