Eis que, então, o dia era chegado. A plateia encontrava-se afoita e apreensiva. Não era todo dia que, por aquelas bandas da bela cidade praiana, erguia-se tão primoroso castelo. E lá estava ele, imponente, como que a olhar para todos, que, de tão encantados com a obra, chegavam a ter borboletas no estômago, um frio na barriga dos de felicidade contida, pronta pra escapar num sorriso, numa risada, num enleio qualquer, especialmente naquele que construira aquilo tudo. Havia no mundo coisa mais bela que esse tal castelo, perguntavam-se os espectadores, prontos para o momento do corte da fita, o momento da inauguração, que abalaria a cidadela e traria um belo motivo para sorrir àqueles que ali admiravam a obra.
E a plateia era somente o Tempo e o construtor, que muito pouco se importava se as pessoas não reparassem em seu magnífico prédio, mas achava estranho que ninguém visse algo de tal magnitude, mesmo que não fosse o maior dos castelos. Era, achava, apenas questão de tempo para alguém notá-lo (dados o empenho e a velocidade com que tinha construído) e correr o burburinho cidadela afora. Porém, no local da inauguração, não havia ninguém que não ele, talvez por medo do tempo, que já não sorria como no momento da construção do castelo.
E o castelo era feito de areia, com formato de balde virado, uma bandeirola improvisada e com não mais que vinte e cinco centímetros, tendo lugar na praia. Pobre, mas bonito. Repare na forma com que a areia fica coesa e em harmonia com o adorno! Há no mundo coisa mais romântica ou barroca ou pré-moderna?
Alheio ao engenho e à arte do rapaz, o Tempo fechou-lhe a cara e resolveu parar de esperar a inauguração e cancelá-la, descendo chuva torrencial de verão e desconstruindo aquilo que o rapaz fizera. Eis que, então, o corte das fitas era cancelado.
É inveja. Inveja!
Desafio da Última Linha
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Desafio dos Títulos -Encerrado
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5 comentários:
Forçando-se um pouco...repare que o sonho do menino vai se desmanchando, se descontruindo aos poucos, como se fosse...
um castelo de areia na chuva ^^
Não vou comentar o texto pois não estou apta para tal,só sei que mesmo assim o achei belíssimo, mas, posso dizer como expectadora que, nem sempre um castelo de sonhos é destruído pela chuva!
Nessa pouca arte descontente,
Num enredo de um alegre quase-gente,
Sinto eu mesmo ser o dono de um castelo,
Irrelevante e pobre, contudo belo.
*Aplausos*
Um Mundo de Bob/Calvin e Haroldo lírico.Excelente!! Até fiquei sentido pelo garoto. Se bem q no lugar do castelo eu fiquei imaginando aquela "pirâmide" que eu fiz na praia ^^.
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