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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

[Desafio] Espetáculo da literatura

Havia um motivo para contar essa história, mas, temporariamente, fugiu da mente do autor. É, portanto, por isso que o mesmo será obrigado a en...treter o senhor ou a senhora até o momento em que retornará enfim o mencionado motivo, dado que sem ele não haverá a menor possibilidade de dar prosseguimento à apresentação: é da crença do autor que o motivo da criação antecede a criatura, até mesmo no momento de sua apreciação. Sejam pacientes, mas nunca haha passivos.
É preciso, ainda, que o senhor ou a senhora controle as suas ansiedades. O motivo da referida história é de suma importância, entenda, e tão logo ele se nos chegue, desenrolar-se-á diante de seus olhos aflitos um espetáculo da literatura como nunca se viu igual.
Há que se fazer uma observação neste espaço que segue: atente, senhora ou senhor, que o autor faz uso da expressão “como nunca se viu igual”, onde poderia perfeitamente ter omitido o vocábulo “igual”. Com isso, temos que não há obras da mesma magnificência da que logo chega, mas há, sim, algumas criações parecidas, todas de menor importância, note-se.
É possível, no momento, que o leitor ou a leitora não creia no autor, especialmente quanto à qualidade da obra que virá. Trata-se de uma opinião respeitável, uma vez que já se lhe foram embora alguns preciosos segundos de sua corrida vida. Respeitável, porém não menos equivocada, há que se reparar. No entanto, pede-se que a leitora ou o leitor não abandone este humilde texto, no esforço de ser recompensado com a obra-prima da literatura brasileira, quiçá mundial – se queimados dois ou três outros livrinhos.
Se o leitor ou a leitora teve a gentil paciência de acompanhar o texto até a presente linha, devo-lhe meus sinceros parabéns. É uma imensa vergonha ter de estar tão próximo, assim, desvelado e desnudado, com o intuito de oferecer tais explicações. Trata-se de uma gentileza de tamanho tão considerável que o autor se prontifica a premiá-lo(a) com um pequeno brinde, a ser retirado na recepção. Basta que lá se chegue e procure a moça morena de olhos cor-de-mel e cabelos negros como a asa da graúna, e se lhe diga a senha – que aqui convencionaremos por “nevermore”, uma palavra aleatória que me veio à mente – que ela, a moça, já se encontra informada dos procedimentos. Dessa forma, o autor não só recompensa um ato que considera de imensa honraria, mas também ganha para si o controle do número de leitores que pularem este específico parágrafo, rumo ao final da história, ávidos não pelo desenrolar, mas pelo nó já desatado.
O autor ainda não dispõe da devida informação, mas, no entanto, uma ideia vaga do que ela representaria lhe ocorre: sabe-se que a história a ser contada tem certo teor edificante, sem no entanto incorrer no pedantismo de uma história pedagógica, ainda que
Como? Não, por favor, não me faça ter de dizer isto ao leitor ou à leitora. Fará mal para minha imagem! Sim, entendo. Já tentaram de tudo? Pois certo.
O autor acaba de receber um cochicho no ouvido – quase com certa languidez, se me permite o leitor (e não a leitora) informar – da referida moça morena. O motivo nos ligou. Disse que se encontra preso num engarrafamento – fugiu, e agora não pode voltar, veja só – e não poderá chegar a tempo do fim do texto. Ele pede desculpas pelo transtorno, mas não serão maiores do que os pedidos de perdão que eu o/a peço, leitor ou leitora. O autor e toda a equipe pedem sinceras desculpas e o/a garante que seu tempo será devolvido, basta deixar seu endereço na recepção com a moça morena, que lhes serão entregues em casa, juntamente com o regalo mencionado anteriormente.
Mais uma vez, desculpas, e tenha uma ótima vida.

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