Mortos os pais da casa hereditária
Nele surgiram ganas de descarte
E arrumação. Começa por um quarto
Que por raro ter sido destrancado
Ainda era bem iluminado,
Fora alguns cantos. Ao centro do quarto,
Gavetas que contêm cartas de amor
As lê rapidamente, e então as rasga,
E as joga pelo chão, exceto uma
Com um poema que ele não entende.
Esta ele põe de volta na gaveta
Um relógio de pêndulo atrapalha
A passagem, e é posto à parede,
E já não tique taca a mais ninguém.
Numa das caixas que há pelo aposento
Escreveram “não abra”. Ele obedece.
Há papéis pelo chão, e há insetos.
Documentos, baratas, comprovantes,
Certidões e formigas: vão ao lixo.
Abre um baú, e nele não há nada.
Um velho álbum de fotos empoeirado
E amarelo de tempo causa espirros
E cai dele, do homem, uma lágrima.
E ao fim desse trabalho que, decerto,
Dura mais do que contam estes versos,
Façamos o balanço do que ganha:
Sai um pouco mais leve pelo espaço
E muito mais pesado de lembranças.
Desafio da Última Linha
Acompanhe aqui as sugestões de cada um:
Desafio dos Títulos -Encerrado
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1 comentários:
Que poema lindo! Muito bem feito! Fiquei até com vergonha dos meus agora, tão bobinhos rs
Parabéns pela sensibilidade poética! =)
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