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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Tentativa e erro.

Era como se tivesse sido iluminado pelo dom de saber que o mundo estava errado. Melhor dizendo, atingido pela maldição, porque no auge dos seus 16 anos recém-completos, sentia que nada podia fazer e diminuia-se cada vez mais na cadeira dura na qual, sentado, armado de uma caneta azul, extravasava sua perplexidade em relação ao erro.
O erro tornara-se essência humana, mas há dois tipos de erro, vale lembrar: o de aprendizado e o rotineiro. O erro de escovar os dentes, de trabalhar, de ganhar dinheiro, dentre outros, era a causa do torpor humano no qual todos se encontravam. Ele se via numa sociedade de vegetais que já não tinha a mínima consciência da própria existência,do próprio eu.
Mas só ele sabia disso!
E de nada adiantava saber porque, de certa forma, ele haveria de se encaixar, um dia, nesse estratagema sinistro que fugira do controle de quem quer que o tenha criado.
"Não se eu puder evitar", pensou. Aliás, esse era o seu grande mal: pensar. Refletir era o que mais lhe doía, mas era inevitável (e não havia aspirinas para pensamento!). Era um caminho sem volta. E se, por acaso, se perguntasse como era viver sem pensar, apenas uma idéia lhe vinha à cabeça: a morte. A morte era o fim daquele pesadelo lúcido no qual aquela pequena criança se encontrava.
Por essas e outras razões, uma de suas melhores amigas era a empregada da casa. Aquele choque de vidas era incrivelmente enriquecedor e interessante. Ela era, de fato, um objeto de estudo para ele: como alguém consegue ser humilhado, ganhar pouco (num mundo torto que exigia o justo contrário) e ainda sorrir?
Esse mundo é realmente um lugar fascinante.
Fascinante e sujo.
Cansado, resolveu dormir.

Mas preferiu não sonhar.

3 comentários:

Unknown disse...

ignorance is bliss!

Daniel Mendonça disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Victor disse...

Não é sobre mim.
Não de todo...
É sobre o Yoñlu!

(não sabe? joga no google!)