Desafio da Última Linha

Acompanhe aqui as sugestões de cada um:

Desafio dos Neologismos - Encerrado
Desafio dos Títulos -Encerrado


domingo, 23 de novembro de 2008

As Pererecas

Esta semana cheguei à brilhante conclusão: pererecas pulam. E não me refiro aos nossos amigos anuros, mas às simpáticas bolinhas de látex, diversão garantida para um dia de ócio. Eu poderia, leitor, simplesmente acabar o texto aqui, nesta secura lacônica. Mas acho que há mais do que pensamos a respeito das pererecas.

Nunca, creio eu, paramos para pensar sobre as pererecas o tanto quanto devíamos. Abusamos das coitadas a bel prazer, quicando-as sobre qualquer superfície que prometa algum entretenimento para nossas mentes satisfeitas… Será que há mais nas pererecas? Ou será que são apenas pererecas?

Pois eu, enquanto entusiasta (e leigo) da mitologia quântica, acredito serem as pererecas as sumas representantes de uma outra dimensão na terra. Assim como o pé grande representa uma, os extraterrestres outra, os pombos outra mais, etc. Descobri isso numa tarde muito lúcida de recreação com minhas quatro amigas alterdimensionais.

Eu, com o status de artista – profissional dos devaneios, se assim preferir –, tenho o dom para-psíquico de me comunicar com seres cuja linguagem nos é completamente estranha. Nunca conversei com o pé grande ou o chupa-cabra, mas tenho certeza de que, se o fizesse, bateríamos altos papos.

E foi fazendo uso desse dom que passei aquela tarde proseando jovialmente com minhas companheiras. Fizeram-me suas reclamações, todas bastante sensatas e devidamente justificadas: querem que paremos de simplesmente quicá-las por aí, elas têm o direito de escolher quando e onde querem dar seus pulinhos; querem, também, que parem de ser vendidas nas bancas de jornal (“é um absurdo”, me confidenciou uma delas, “que séculos”, corrijo-a, pois há menos de dois séculos, o que configuraria como uso correto o singular, “após a abolição”, oficial, “da escravidão, sejamos vendidas dessa forma, como animais”) a preços degradantemente baixos; etc.

Também me esclareceram acerca de mais uma coisa: não são feitas em fábricas, como imaginava, mas são fruto de reprodução sexuada em sua dimensão e vêm para cá como diplomatas. Sim, as bolinhas que maltratamos e de que malcuidamos (mas mui bem-amamos) são, na verdade, diplomatas. Têm escolaridade e o caralho a quatro.

Aliás, nem todas são bonitinhas e bem dispostas como nossas conhecidas daqui da Terra. Disseram-me que a grande maioria é feia, normalmente de tons pastéis ou até cinzentas, e não passa de uma “alcatéia de alcoviteiras ignorantes”, como muito veemente colocou uma outra de minhas colegas. Apesar da aparente arrogância que demonstrou, disse-me serem muito pacientes e tolerantes.

As pererecas são gente fina, educada, sincera, divertida, sim, mas elas também têm sentimentos, têm lá suas mágoas e suas psico-cólicas. Temos de mostrar um pouco nossa humanidade, ser bons anfitriões para nossas visitantes... Nunca se sabe quando podem arquitetar um plano maquiavélico de dominação interdimensional.

Para finalizar, atentem meu apelo: tratem bem as pererecas! Elas não são gente, mas são como se fosse!

1 comentários:

Jessyca Toselli disse...

hhahahahahhahahahhahahaha... sério, Pedro, fantástico! =)