Desafio da Última Linha

Acompanhe aqui as sugestões de cada um:

Desafio dos Neologismos - Encerrado
Desafio dos Títulos -Encerrado


sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

[Desafio] O belíssimo dia em que o sol se levantou mas a manhã não nasceu

Eu venho tentando buscar uma razão para tudo. Ando racional demais, nesses últimos dias. Preciso de uma raiz que me finque no sólido, oposta ao etéreo do meu mundo das idéias. “Árvore não voa”, ouvi há pouco tempo, numa conversa qualquer sobre exames psicotécnicos e a falta de uma linha simbolizando o chão nos desenhos representativos de árvore. Eu ando um pouco árvore sem linha de chão, por assim dizer.

Árvore que voa não dá fruto, porque não se alimenta de matéria. Não cresce. Isso talvez explique a minha súbita e irremediável falta de criatividade. Onde já se viu escrever sem linha? Deus escreve certo por linhas tortas e eu, escrevo por linhas, quaisquer que sejam.


E a minha razão precisa responder a vários porquês. Minha árvore sem chão se alimenta de porquês. Eu tenho me alimentado de porquês e de toda sorte de besteiras, das que fazem mal a longo-prazo.


Ontem terminei aquele livro de que te falei. Terminei e joguei longe – não porque desgostei, pelo contrário – joguei longe porque também estava me deixando mal. Eu tenho sido masoquista nesse ponto: me agrada aquilo que me faz mal, de livros a porquês.


Meus porquês são minha nutrição e meu veneno.


Hoje o sol levantou, mas a manhã não nasceu, não para mim. Estava quente, eu sentia, mas eu me mantive de janelas fechadas e blecaute, no meu universo, pra evitar a claridade. Passei o dia à maquina de escrever, procurando o que te digitar. Se te digito, faço-o sem linhas. Se te escrevo, busco as minhas linhas.

Eis o meu problema: Ando sem linha de chão, sem linha de escrita e, portanto, digito.


A verdade, entretanto, é que não há problema. Por que? Porque não há. Eis tudo.


O meu universo não tem chão e nunca teve, mas hoje eu percebo que eu preciso dele, às vezes. Não que isso seja um problema. Eu já te disse: não há problema.


Não enquanto eu não estiver no chão e começar a andar na linha.

1 comentários:

Thiago disse...

Diversificando estilos.
Eu gostei bastante deste texto também. A vida inóspita, o problema que se tem quando não se tem um problema...

E vc, que disse que eu não te entenderia. E eu te entendi. Mesmo sem me entender. Eu acho que a gente está numa selva, você está perdido e me encontra. Mas eu também estou perdido e manco. A partir dai vc continua perdido e ainda tem que me levar nas costas.
Mas estamos numa boa.