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sábado, 27 de dezembro de 2008

Do fundo do baú ou Relíquia ou Devaneio ou Família ou, simplesmente, "II"

Cabe dizer que esse texto foi escrito por mim há quase dois anos e encontrado há quase dez minutos. Não vou corrigir possíveis erros de português. Deixarei tudo aqui, original, copiado e colado.

Hoje, num estado levemente alcoolizado, parei por alguns segundos e refleti sobre meu primo. Na verdade, refleti sobre a curiosa maneira na qual ele se alienava dos acontecimentos do mundo.
Talvez por morar mais longe ou por puro capricho, ele tinha uma maneira peculiar de se ausentar de todo e qualquer problema referente ao mundo.
Nunca o vira falar sobre a AIDS na África ou o aquecimento global. Suas histórias mexiam com minhas emoções - fossem elas as tristezas, as alegrias ou as surpresas - mexiam com minhas emoções de um modo estranho, como se ele nunca tivesse sabido de tais problemas ou ainda que estes nunca tivessem acontecido antes.
Ele falava sobre coisas julgadas na maioria das vezes banais, como as músicas que ele compunha, as aventuras de mais um dia na roça - ele mora numa região meio interiorana do Rio de Janeiro, mesmo que estude Matemática no Centro - e todas essas histórias me cativavam como se eu não tivesse mais nada a me preocupar, apenas seus quase-problemas.
O curioso de tudo é que sempre cobro das pessoas uma certa carga de problemas, mas dele, justamente dele, nunca me passara pela cabeça perguntar o que isso tudo tinha a ver com a problemática atual do mundo.
Não que ele fosse bom contador de histórias - aliás ele o fazia de uma maneira tão ruim quanto a minha: cheia de interrupções, mas estas eram de uma alienação tão curiosa que me deixavam à parte de todo aquecimento global, toda fome, tudo.
Ele compunha músicas - sim, meu primo é o que se pode dizer de um poeta....uma pessoa poética talvez...com uma poesia ímpar de alguém que não se preocupa com o que acontece com o mundo atual, mas não causa diferenças gritantes na não-preocuoação sobre um pé-de-cana, ou sobre alguma coisa em inglês furado,ou ainda sobre amor e falta (falta essa de preocupação para com o amor?)
Lembro de um trecho de uma música que dizia alguma coisa sobre "cantar uma música sobre você num bar vazio e, ao abrir os olhos, não haver mais ninguém ouvindo".

Enfim, meu primo é uma pessoa curiosamente peculiar.

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